3.6.04

Requiem for a (non) writer

Estou sentada na sala a ver um video e a luz vai abaixo. Olho pela janela e vejo que foi geral. Está tudo escuro. Passada a confusão de onde estão as velas e após os comentários da praxe, que chatisse e agora, o que é que se faz... ...sento-me na minha varanda, e oiço... Um silêncio feito de ausência de luz artificial. É um silêncio que tem cães e vozes ao longe, mar e folhas abanadas por uma vaga brisa, que quase nem se sente. Um silêncio que arrepia, ou talvez seja o vento. Um silêncio a preto e branco, com todos os cinzentos do mundo. Acende-se a primeira vela... E o silêncio enche-se de sons. Vozes de crianças que ficaram privadas do Cartoon Network e que se iniciam no prazer de andar de bicicleta de noite nos caminhos do jardim. Vozes de donos de cães que se encontram. Vozes de pessoas que se lembram que têm varandas e está uma noite de Verão. Vozes de pessoas que descobrem que as noites sem luz se podem transformar em noites preenchidas com silêncios feitos de gente. (03.06.01) You made me and unmade me.
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