16.5.04

Mas e custa assim tanto fechar a coisa?

Não sou dada a bricolages. Mas se ficasse à espera que me mudassem lâmpadas e fios, pendurassem quadros e arranjassem coisas que pingam, fazem barulhos estranhos ou, pura e simplesmente, PUFF e deixam de funcionar, bem podia ficar sentada à espera de um senhor-Ambrósio-das-obras qualquer, que aparecia, enchia tudo de lixo com o berbequim e ia-se embora com umas notas sem deixar factura. Sendo assim, vou fazendo eu o que posso. E tenho uma caixa de ferramentas e tudo. Toda giraça, com vários andares e divisórias na prateleira de cima, para guardar a tralha toda, martelos e chaves de fendas e chaves que nem sei o nome e alicates e muito muito prego, parafuso, bucha, esticadores para quadros, e mais tudo o que ali vai parar, entre elásticos, pioneses e fita isoladora. Tudo arrumadinho por item e divisória. Era a fita isoladora que era preciso para remendar umas coisas. Não era o ideal, mas era o que havia. Fui buscar a caixa que estava lá por cima de uma data de coisas, enfiada atrás das listas telefónicas antigas, sacos com sacos de plástico, sacos de trapos e esfregonas. O reino da Etelvina. Eu nem devia aproximar-me do último reduto da empregada doméstica encartada e registada na Segurança Social, mas dado que é domingo, teve de ser. A caixa estava realmente encaixada entre uma série de outras coisas mas com um valente puxão na pega, saiu. E quando saiu... ...foi a chuva de tudo o que lá estava dentro. A tampa saltou e explodiram todos os parafusos e pregos e buchas e o resto da traquitanada toda, uma tempestade bricolástica espalhada pelo chão, prateleiras, dentro da caixa do pó da máquina, atrás das listas velhas, pendurados nas fitas da esfregona...a desgraça: meia hora de gatas a catar pregos do chão. Tenho a caixa agora a um canto da cozinha. Logo à noite vou deixá-la em cima da bancada, com um papel por cima: 'Etelvina: se faz favor divida todas as coisas que aqui estão dentro pelas respectivas divisórias, pregos com pregos, parafusos pequenos com parafusos pequenos, parafusos grandes com parafusos grandes e por aí fora. Depois, pergunte-me como é que o fecho da caixa funciona. Não é difícil, tem uns coisos que vão para o lado e PRENDEM A TAMPA!' O bom disto tudo é que, a última vez que faltou a luz, fui-me à lanterna de serviço e não a encontrei no sítio à mão e prático onde a tinha deixado. Encontrei-a agora.
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